sábado, 21 de abril de 2012

Momento mole de uma Tarde de abril


Momento mole de uma
Tarde de abril

Flora Figueiredo ( livro Chão de vento )

Cadeira do lado de fora,
Alpargatas,
Óculos embaçados de limpeza mal feita,
Que, afinal,
Feriado nacional não foi feito pra esforço.
Nuvem com forma de baleia,
Sol mortiço.
Essa tarde sem compromisso
Ainda vai acabar em lua cheia.

Tem mosquito atormentando  !
Não se sabe que, de vez em quando,
A gente tem direito de estar só   ?
E por que será que a neta
Tem que andar sempre
Com a roda frouxa na bicicleta  ?
Tomara que não solte,
Senão vai ter choradeira
Semana que vem se conserta.
Talvez na segunda ou na terça-feira

Cheiro de café fresco,
Vindo da cozinha.
Tem coisa melhor que manteiga derretendo
Em pão quentinho?
Às vezes Deus acerta tanto
Que a gente nem sabe como agradecer.
Por isso é que não se mata passarinho.
E tem goiabada  com queijo,
Melado com farinha,
Pinga com limão.
O resto a vida, ajeita.
Não fosse a obrigação,
A criação teria saído bem perfeita.

Anu branco dá azar.
Passa, danado  !
Vai assombrar o telhado do vizinho,
Que hoje é feriado e não quero amolação.
Pai-nosso só amanhã    .
Nem banho, nem barba feita,
Nem  ouvido pra conversa de mulher
Um   futebolzinho na televisão,
Um  noticiário qualquer,
Até o sono chegar, dando coceira na nuca,
Coisa mais maluca, sem pé nem cabeça.
Antes que o corpo amoleça,
Um cigarro e mais um trago,
Que desse mundo nada se leva
Essa vida não vale um vintém.
Viva Joaquim Jose da Silva Xavier  !
Até o ano que vem
Na imagem, a obra Martírio de Tiradentes, óleo sobre tela de Francisco Aurélio de Figueiredo e Melo 
Foto: Wikimedia Commons/Divulgação

O dia 21 de abril é feriado nacional em homenagem a Joaquim José da Silva Xavier, que foi enforcado e esquartejado em 1792 devido ao envolvimento com o movimento da Inconfidência Mineira, que reclamava a independência do Brasil.
Mas quando se aproxima a data, logo uma questão volta a ser questionada: por que Joaquim José da Silva Xavier era chamado de Tiradentes? Apesar das brincadeiras, a realidade é que, além da profissão original de tropeiro, ele foi assim reconhecido pela habilidade em lidar com problemas dentários, tendo até uma pequena maleta com alicates de extração de dentes, conforme explica o historiador Voltaire Schilling.
Ana Claudia Florindo, professora do 3º ano do ensino fundamental do Colégio Santa Maria, em São Paulo, amplia: "ao longo de sua vida, realizou trabalhos em diferentes profissões, foi médico prático e mascates, no entanto, destacou-se na região onde morava pela habilidade que tinha em tirar e colocar dentes feitos por ele mesmo, recebendo, inclusive, o apelido."
Tiradentes se uniu ao regimento dos Dragões de Minas Gerais como alferes em 1775, mas desistiu da carreira militar em 1787 e foi para o Rio de Janeiro. Na nova cidade, conheceu líderes de um movimento de independência. Ao voltar a Minas já tinha planos de transformar São João Del Rei na capital do País, libertar escravos nascidos no Brasil, mudar o governo para um república, entre outros sonhos.
A professora explica que nessa época Portugal cobrava impostos rigorosos na tentativa de evitar o contrabando de ouro retirado dos garimpos de Minas Gerais. Em um momento em que a extração diminuiu, já que o minério estava escasso, o governo português aumentou ainda mais os impostos.
Tiradentes e os líderes do movimento decidiram se revoltar após a medida. O golpe seria dado no dia do recolhimento de impostos, mas a monarquia portuguesa descobriu um dia antes o plano. A maioria dos presos recebeu penas relativamente brandas, como prisão ou exílio. Contudo, Tiradentes, que não tinha a mesma influência política dos demais, foi enforcado, esquartejado e teve o corpo exibido em praça pública.





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