quinta-feira, 18 de agosto de 2011

O SACO DE CARVÃO



              O saco de carvão  de
Dom Itamar Vian e Frei Aldo Colombo
 
O pequeno Zeca entra em casa, batendo os pés no assoalho com força. Seus pai, que estava indo para o quintal fazer alguns serviços na horta, ao ver aquilo, chama o menino para uma conversa. Zeca, de oito anos de idade, o acompanha desconfiado . Antes que seu pai dissesse alguma coisa , fala irritado:
- Pai, estou com muita raiva. O Juca não devia ter feito isso comigo. Desejo tudo de ruim pra ele, quero matar esse cara.
Seu pai, um homem simples, mas cheio de sabedoria, escuta calmamente o filho que continua a reclamar:
- O Juca me humilhou na frente dos meus amigos e ainda por cima colocou eles contra mim! Não aceito isso!
- Gostaria que ele ficasse doente sem poder ir à escola.

O pai escuta tudo calado enquanto caminha até um abrigo onde guardava um saco cheio de carvão. Levou o saco até o fundo do quintal e o menino o acompanhou calado.

Zeca vê o saco ser aberto e antes mesmo que ele pudesse fazer uma pergunta, o pai lhe propõe algo:

- Filho, faça de conta que aquela camisa branquinha que está secando no varal é o seu amigo Juca, e cada pedaço de carvão é um mau pensamento seu, endereçado a ele. Quero que você jogue todo o carvão do saco na camisa, até o último pedaço. Depois eu volto para ver como ficou. O menino achou que seria uma brincadeira divertida e pôs mãos à obra. O varal com a camisa estava longe do menino e poucos pedaços acertavam o alvo. Uma hora se passou e o menino terminou a tarefa.

O pai que espiava tudo de longe se aproxima do menino e lhe pergunta:

- Filho, como está se sentindo agora?
- Estou cansado, mas estou alegre porque acertei muitos pedaços de carvão na camisa.

O pai olha para o menino, que fica sem entender a razão daquela brincadeira, e lhe fala com carinho:

- Venha comigo até o meu quarto, quero lhe mostrar uma coisa.

O filho acompanha o pai até o quarto e é colocado na frente de um grande espelho onde pode ver seu corpo todo.
Que susto! Só se conseguia enxergar seus dentes e os olhinhos.

O pai, então, lhe diz ternamente:

- Filho, você viu que a camisa quase não sujou; mas, olhe só para você! O mal que desejamos aos outros é como o que lhe aconteceu. Por isso, antes que possamos atrapalhar a vida de alguém com nossos pensamentos, saibamos que a mágoa e o rancor e outros sentimentos ruins ficam sempre em nós mesmos.

Cuidado com seus pensamentos; eles se transformam em palavras;

Cuidado com suas palavras; elas se transformam em ações;

Cuidado com suas ações; elas se transformam em hábitos;

Cuidado com seus hábitos; eles moldam o seu caráter;

Cuidado com seu caráter; ele decidirá o seu destino.








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