terça-feira, 18 de janeiro de 2011

"Encontro marcado "

Encontro marcado
Orar, pedindo ao Senhor tudo quanto nos é necessário, 
isso é bom e é certo.
Mas nossa oração não deve ser apenas para pedir. 
Deve ser um encontro filial com Deus, 
uma conversa familiar com ele, sem rodeios e sem palavras rebuscadas. 
Aliás, nossas  palavras não são para lhe comunicar alguma coisa que ele não saiba. 
Elas servem antes para que tomemos consciência de como deve ser 
nosso relacionamento com ele.
Deve introduzir- nos no diálogo com ele, diálogo de coração a coração.
Em nossa oração devemos adorar o Senhor, 
reconhecer que ele é o mais importante para nós, 
aquele do qual dependemos totalmente. 
Em nossa oração louvemos a Deus, reconhecendo sua grandeza e sua bondade. 
Agradeçamos todos os favores que nos faz. 
Esse nosso encontro com Deus deve também servir para tomarmos 
consciência mais clara do que ele espera de nós, 
de como deve ser nossa vida, do que devemos mudar em nosso jeito de ser. 
Seria bom se tivéssemos um tempo fixo cada dia para nos entreter com Deus. 
Um tempo certo vai ajudar-nos a não nos esquecer do encontro marcado.

Oração da manhã
Senhor meu Deus, mais um dia está começando. 
Agradeço a vida que se renova para mim, 
os trabalhos que me esperam, 
as alegrias e também os pequenos dissabores que nunca faltam. 
Que tudo, quanto viverei hoje sirva para me aproximar de vós 
e dos que estão ao meu redor. 
Creio em vós, Senhor. 
Eu vos amo e tudo espero de vossa bondade. 
Fazei de mim uma benção para todos que eu encontar. Amém

LUCAS É O EVANGELISTA DAS MULHERES 


Lucas é um evangelista e um historiador. Escreve uma obra original em dois  livros. Trata-se do Evangelho e dos Atos dos Apóstolos.
Ele fala de Maria nesses dois livros. No Evangelho ele dá a palavra a Maria. Maria fala, diretamente com seus interlocutores, por 4 vezes e nos Atos dos Apóstolos, Lucas coloca Maria, junto com outras mulheres, e parentes de Jesus, na comunidade dos Apóstolos que recebem o Espírito Santo no dia de Pentecostes , dia do nascimento da Igreja. Maria, portanto , está presente na Igreja nascente.
Como evangelista que escreve  sobre Nossa Senhora, Lucas apresenta uma Maria que fala, que pergunta, que fica intrigada e que pensa. E como historiador conhece a história antiga da humanidade e a nova; e reflete sobre os fatos e os acontecimentos em torno da pessoa  de Jesus e dos primeiros momentos da Igreja que nasce. Como historiador divide a história  em Tempo de Israel, que corresponde ao Antigo Testamento; em tempo de Jesus, que corresponde ao Novo Testamento; e em Tempo da Igreja , que corresponde ao Livro dos Atos dos Apóstolos, quando a Igreja começa e começa a se organizar em comunidade de fé e compromisso, para viver a boa nova trazida por Jesus -  o Cristo da fé
No Evangelho Lucano  encontramos os textos mais conhecidos e meditados no Novo Testamento sobre Maria de Nazaré. Como a jovem prometida em casamento a José, a Anunciação do Anjo a Maria, a visita a Isabel, o Cântico profético do Magnificat, o nascimento de Jesus e o encontro de Jesus no templo. Em todos esse acontecimentos Maria é a figura feminina mais querida que deu origem a toda a nossa Mariologia  . Grande Parte da evangelização do nosso Brasil e do nosso extenso Continente se deu mediante a devoção e o culto a Maria.
Ainda em nossos dias, o povo aprendeu a invocá-la sob os mais diversos títulos e a expressar as fé sob os mais diversos títulos e a expressar sua fé sob as mais diversas formas. Até mesmo muitas confrarias, congregações religiosas femininas e masculinas, nasceram tendo Maria como “ madroeira”, como inspiração e como referência importante de sua espiritualidade. Maria é a seta que aponta para Jesus que nos mostra o agir de Deus na história de seu povo. Numa sociedade  machista e patriarcal como a nossa, o culto e a devoção a Maria, fazem sentido.
De certo modo, Lucas é o evangelista das mulheres, dentre elas destaca Maria, a Mãe de Jesus. O Evangelho da infância pode ser chamado “ O evangelho de Maria”, não só porque a maioria das lembranças históricas chegaram a Lucas por meio dela, mas também porque sua figura está presente em quase todos os fatos narrados.
Na anunciação , episódio que todos conhecemos, Maria é a virgem desposada, com José, a cheia de graça, a serva do Senhor. Ao receber a notícia do Anjo- na  Bíblia o Anjo é sempre Deus   que se revela às pessoas – de que seria a Mãe do filho de Deus, ela pergunta : Como é que vai ser isso, se eu não conheço homem algum? Maria nos ensina aqui, que ser mulher, ser homem é caminhar juntos em direção à nova terra e ao novo céu que devemos descobrir  como pessoas criadas por Deus. Ao receber a resposta do Anjo de como seria mãe, Maria se entrega ao Projeto da Salvação, com esta frase: Eu sou a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua  palavra !
Na visitação ela é “ a bendita entre as mulheres”, “ aquela que acreditou “. Quando Maria se sente confirmada na sua missão de ser a mãe do Salvador, prorrompe num Cântico  de ação de graças, porque o Senhor fez grandes coisas na sua serva. È o Magnificat, onde ela se faz porta-voz  dos anawim- os pobres de javé – proclamando a igualdade e a justiça. Derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes. Maria nos ensina que quando se trata dos pobre de Javé, precisamos ser duros como os poderosos que criam os pobres, mas ter-nos como a bondade de Deus, porque a revolução que Maria proclama é divina.
Quando encontra seu filho com os doutores da lei, discutindo, Maria o repreende com aflição, pois não foi avisada de que Jesus ficaria no Templo. “ Meu filho, porque agiste assim conosco ? Teu pai, e eu, aflitos, te procurávamos”. Maria nos ensina a termos iniciativa diante das situações que nos afligem e que podem ser mudadas para melhor. Mesmo não compreendendo a resposta de Jesus, Maria não  deixa por menos a aflição causada pelo incidente, e toma a palavra.
Estas são as quatro frases famosas que Lucas atribui a Maria de Nazaré, como a mulher que toma a palavra e diz aquilo que pensa, pede explicação, sabe entregar-se ao plano de Deus, agradece, e rumina em seu coração aquilo que não entende

Lina Boff- Teóloga da PUC- RJ

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