Afinal, onde nasceu o bebé sete mil milhões?
31.10.2011 - 09:30 Por Clara Barata, Ricardo Garcia, Romana Borja-Santos
Danica junto aos pais e ao bolo oferecido simbolicamente pelas Nações Unidas
(Foto: Erik De Castro/Reuters)
A ONU elegeu simbolicamente uma filipina, Danica May Camacho, nascida com 2,5 quilomgramas pouco depois da meia-noite em Manila, como o bebé sete mil milhões. No entanto, a escolha não é pacífica: Índia e Rússia também reclamam para si o título. Tecnicamente, ninguém sabe ao certo onde nasceu ou nascerá o habitante que assinala mais um degrau na escalada demográfica mundial.
A menina, cujo nome significa “estrela da manhã”, contará ainda com uma bolsa que visa assegurar o seu acesso à educação e os pais vão receber ajuda financeira para poderem abrir uma loja. Os pais de Danica, que tem um irmão mais velho, mostraram-se surpreendidos com o feito e não resistiram a dizer que a menina é “linda” e “amorosa”.
As Filipinas contam com quase 95 milhões de habitantes, com 10% das raparigas entre os 15 e os 19 anos a serem mães. Enrique Ona, um dos responsáveis pela pasta da saúde no país, espera por isso que este marco ajude as Filipinas a resolver vários problemas relacionados com a população. No entanto, e apesar de o mediatismo de hoje, o bebé seis mil milhões e o bebé cinco mil milhões, da Bósnia e Croácia, respectivamente, já acusaram as Nações Unidas de os terem destacado na altura e ignorado ao longo das suas vidas.
Nargis também quer ser o rosto “sete mil milhões”
Polémicas à parte, de acordo com as Nações Unidas, a população mundial chega assim hoje à marca dos sete mil milhões de habitantes. Ninguém era capaz de dizer onde iria nascer o bebé que assinala a subida de mais este degrau na escala demográfica. A própria ONU apostava que seria em Uttar Pradesh, o estado mais populoso da Índia, onde nascem 11 crianças por minuto. Aliás, a Índia é um dos países que está a reclamar a efeméride, depois de a organização Plan International ter anunciado que o bebé sete mil milhões era também uma menina chamada Nargis e nascida precisamente em Uttar Pradesh. Situação semelhante à que acontece na Rússia, onde há dois bebés candidatos ao título.
A contagem decrescente para este dia começou há dez meses, no 19.º andar de um arranha-céus de Manhattan, o número 2 da Praça das Nações Unidas. Uma equipa de cinco demógrafos de várias nacionalidades, cada um encarregado de 40 países, territórios e áreas, começou a recolher e trabalhar dados – incluindo do Afeganistão, onde não se realiza um censo desde que a União Soviética invadiu o país, em 1979.
Se 2011 for o ano certo para este novo marco, a população global então terá aumentado mil milhões de habitantes em apenas 12 anos. Os primeiros mil milhões assinalaram-se em 1804 e os demais saltos deram-se em 1927 (123 anos depois), 1960 (33 anos) e 1974 (14 anos), 1987 (13 anos) e 1999 (12 anos). Depois da explosão demográfica do século XX, o ritmo de aumento está a abrandar. Ainda assim, a população mundial deverá chegar a 9,3 mil milhões em 2050 e aos 10 mil milhões em 2100, segundo as mais recentes projecções da ONU.
A escalada populacional ocorrerá quase que exclusivamente no mundo em desenvolvimento, em particular nas nações onde as mulheres ainda têm muitos filhos – 39 países em África, nove na Ásia, seis na Oceania e quatro na América Latina. A curto prazo, a Índia irá ultrapassar a China, tornando-se o país mais populoso do mundo. Quanto à China, enfrentará a médio prazo o problema do envelhecimento. Por ora, ainda tem a maior fatia de população activa do mundo (74,5%), o que tem sido um factor decisivo para o seu crescimento económica entre 1965 e 2005.
Mas esse período está a acabar, por causa da política de filho único seguida desde os anos 70. A preferência por filhos do sexo masculino levou também a uma grave distorção nos nascimentos: 118 rapazes para cada 100 raparigas, quando a taxa natural ronda 104 meninos por 100 meninas.
Se os cenários da ONU se mostrarem certos, a população mundial chegará aos oito mil milhões dentro de 13 anos, em 2024.
(Carlos Barria/Reuters)
Milhares de milhões de pessoas viveram antes de nós, mas saber a que “número” corresponde o nosso nascimento – tal como hoje se prevê que nasça o bebé 7000 milhões – não é assim tão distante quanto se possa imaginar. As Nações Unidas desenvolveram uma plataforma onde é possível descobrir esse número.
Todos os dados sobre a população mundial a partir de 1950 utilizados no site baseiam-se em informação da ONU de 2010. Os dados anteriores a 1950 referem-se a informações actualizadas em 2002, esclarecem as Nações Unidas.
do site
http://www.publico.pt/Sociedade/bebe-sete-mil-milhoes-ja-nasceu-chamase-danica-e-e-uma-menina-filipina-1518955
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